quinta-feira, 24 de julho de 2014

Uma tarde

A ventoinha que ventila
o ânimo
está no mínimo,
quase vacila

E corre a tarde amena,
sem vento,
e fico a imaginar o imenso,
em silêncio

E estou leve, num aparente conforto,
como se não fosse corpo,
bastaria uma rabanada de vento
para me levar para esse imenso,
para me levar a planar,
ou a caminhar sobre o mar,
ou a vaguear no firmamento
entre a Aldebarã e a Polar

Mas respiro fundo
e absorvo a pequenez
do meu ser limitado
e a falta de respostas
aos meus porquês,
e fico mais pesado

Mas, porquê?
Mas, porquê?
Tanta pergunta,
tanta dúvida

E respiro, e penso,
e formulo hipóteses
e recorro ao bom senso,
e desisto, não tenho provas
que me provem o imenso

E fico outra vez mais leve, a pairar,
mas tenho uma recaída
e volto às perguntas e às hipóteses,
e não tenho respostas, é a minha sina,
a minha angústia servida em doses
moderadas de paranóia e de ânsia

E fico-me abatido
com a minha insignificância
e ignorância
e, num inquieto sossego,
adormeço